sábado, 1 de março de 2008

Essa é para você Aline

Acabo de ler OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER. Um livro magnífico, denso, sensacional. Confesso que achei o personagem um grande idiota. Mas convenhamos que a minha crítica esteja basilada na experiência do século XXI e não no XVIII. Na verdade encontro uma sutil e talvez única diferença: Não acho que hoje em dia alguém se mate por amor como foi no Romantismo. Apesar de o jovem ainda hoje ( eu vejo na tv o que eles falam sobre o jovem não é sério, o jovem no Brasil nunca é levado à sério - Charlie Brown Júnior ) não possuir uma estrutura comportamental para que o levem realmente à sério, o Romantismo deu lugar para outros períodos. Quando falo sobre nossa mocidade, a fase que não temos juízo, me lembro de quando aprofundei minhas leituras em Nietzsche e Schopenhauer, que desconsideravam as opiniões pertinentes a essa fase em detrimento as mais maduras. Insisto sobre isso porque Werther sabia o tempo inteiro que o amor só existia nele, então penso: O que o fez suicidar? O seu amor por Carlota ou o seu amor pelo seu próprio amor? A personagem corta as falas de Werther mantendo-o no seu lugar. Ela sentava-se ao cravo e tocava uma peça para que as palavras de amor fossem silenciadas, nunca deixou que se criassem esperanças para ele, até para que não sofresse. Os momentos finais do romance realmente me deixaram impressionado, como a cena em que Werther visita Carlota e ela está sozinha então depois de ler a sua tradução dos cantos de Ossian - " Por que despertar-me, ó brisa da primavera? Tu me acaricias e dizes: Derramo sobre ti as gotas celestiais do orvalho! Mas aproxima-se o tempo em que murcharei; aproxima-se a tempestade que me arrancará as folhas! Amanhã virá o caminhante, virá aquele que me viu em plena beleza; seus olhos hão de procurar-me por toda a campina e não me encontrarão mais!"
- se atira aos pés dela em um ato de desespero, dalí até o final eu absorvi tudo vividamente. Apesar do personagem ser patético Goethe consegue passar sua mensagem com grande estilo.Grande clássico, um livro fabuloso. Nisso minha amiga Aline e eu concordamos, não é Aline?

2 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com vc que é impossível hoje em dia uma pessoa ser capaz de um ato tão radical,isso não é amor ,é doença,e deve ser tratada com internação,choque elétrico e sossega-leão na veia!
O jovem Werther era um idiota, se analisarmos por esse lado,mas ao mesmo tempo é um personagem que me encanta(não que eu seja simpatizante de crimes passionais ou qualquer outra bizarrice do gênero,isso nunca!!)mas ele é real,sua inabilidade de aceitar a realidade,o romantismo e as angústias são características de qualquer criatura que já esteve numa situação de amor não correspondido.

PS.:claro que existem pessoas que com a IDADE e estudos aprofundados na filosofia schopenhaueriana,conseguem obter uma visão mais "realista" dos dramas sentimentais e matam facilmente o "werther interior"com uma dose de cicuta,gelo e limão...mas esse caso,só Freud explica.

Divagações Rubensianas disse...

Talvez nem Freud, rsrsrs