domingo, 27 de abril de 2008

A contribuição de Marcelo Coelho ao bom JORNALISMO

O sociólogo Marcelo Coelho engendra toda a sua presteza em defesa ao "bom jornalismo" criticando a revista VEJA. Não sou partidário da VEJA, mas achei o comentário rudimentar. Ele fala sobre a matéria da revista dessa semana no caso da menina Isabella que foi morta pelo pai e pela madrasta. A crítica se constrói em cima da notícia FORAM ELES estampada na capa da revista sem um prévio "furo jornalístico" que desse a PF o 1% de garantia que falta para prender os dois criminosos bárbaros, já que a PF tem 99% de certeza segundo a matéria. Ele acha que é uma forma de controle da opinião pública pela mídia, tem medo que as pessoas se enfureçam ainda mais e diz ser uma forma de jornalismo ruim e perigoso.

Certo, não há nenhum indício de uma “terceira pessoa” no caso. Ainda que sejam de 99% as possibilidades de eles terem matado a pequena Isabella, o 1% que resta possui, a meu ver, um peso equivalente se quisermos evitar mais uma injustiça jornalística do gênero Escola Base ou Bar Bodega.

Se a revista dispusesse de alguma informação exclusiva que, em tese, encerrasse defintivamente as dúvidas sobre o caso, poderia investir com mais autoridade nesse tipo de enfoque. Não custava adotar um mínimo de sobriedade nessa cobertura.


Acho que “Veja” quer, mais uma vez, poupar do leitor o trabalho da dúvida –e assumir, por si mesma, a missão de guiar a opinião pública naquilo que acha certo. Editorializar um escândalo político ainda vai. Mas um caso de crime familiar já envolve atitudes que nem mesmo a ideologia e o partidarismo explicam.



Desta vez não Marcelo Coelho, desta vez você se precipitou na defesa da causa do bom jornalismo.

A poesia se esfrega nos seres e nas cousas

Adalgisa Nery

Nunca sentiste uma força melodiosa
Cercando tudo o que teus olhos vêem,
Um misto de tristeza numa paisagem grandiosa
Ou um grito de alegria na morte de um ser que queres bem?
Nunca sentiste nostalgia na essência das cousas perdidas
Deparando com um campo devoluto
Semelhante a uma virgem esquecida?
Num circo, nunca se apoderou de ti um amargor sutil
Vendo animais amestrados
E logo depois te mostrarem
Seres humanos imitando um réptil?
Nunca reparaste na beleza de uma estrada
Cortando as carnes do solo
Para unir carinhosamente
Todos os homens, de um a outro pólo?
Nunca te empolgastes diante de um avião
Olhando uma locomotiva, a quilha de um navio,
Ou de qualquer outra invenção?
Nunca sentiste esta força que te envolve desde o brilho do dia
Ao mistério da noite,
Na extensão da tua dor
E na delícia de tua alegria?
Pois então faz de teus olhos o cume da mais alta montanha
Para que vejas com toda a amplitude
A grandeza infindável da poesia que não percebes
E que é tamanha!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Nobre iniciativa

Em matéria de 10 de março de 2007 no caderno idéias e livros do JB, a última página é dedicada à matéria sobre o novo livro de Pierre Bayard "Comment parler des livres que l´ on n´a pas lus?" ( Como falar dos livros que não lemos? - Editora Objetiva - tradução de Rejane Janowitzer - 2007.) No ensaio o psicanalista e professor de literatura da Universidade de Paris vai desenvolvendo sua tese sobre o momento em que discutimos determinada obra, as vezes com furor, que nunca lemos, com alguém que provavelmente também não a leu. O tabu que enfrentam muitos acadêmicos e intelectuais ao tratar do tema.

Existem quatro pontos fundametais que cercam a obra:

Os livros que não conhecemos
Os livros que folheamos
Os livros de que ouvimos falar
Os livros que esquecemos

Neste último muito bem lembrado a figura de Montaigne. Ensaios curtos, quase crônicas tomam conta de forma divertida de um assunto que NÓS os livreiros já somos craques há muito tempo: falar dos livros que não lemos.

P.S. : Só para lembrar esse eu li tá!!!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

SAP - Síndrome da Alienação Parental

O que é a SAP?

Maria Berenice Dias
Desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio Grande do SulVice-Presidente Nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAMwww.mariaberence.com.br

Certamente todos que se dedicam ao estudo dos conflitos familiares e da violência no âmbito das relações interpessoais já se depararam com um fenômeno que não é novo, mas que vem sendo identificado por mais de um nome. Uns chamam de “síndrome de alienação parental”; outros, de “implantação de falsas memórias”.
Este tema começa a despertar a atenção, pois é prática que vem sendo denunciada de forma recorrente. Sua origem está ligada à intensificação das estruturas de convivência familiar, o que fez surgir, em conseqüência, maior aproximação dos pais com os filhos. Assim, quando da separação dos genitores, passou a haver entre eles uma disputa pela guarda dos filhos, algo impensável até algum tempo atrás. Antes, a naturalização da função materna levava a que os filhos ficassem sob a guarda da mãe. Ao pai restava somente o direito de visitas em dias predeterminados, normalmente em fins-de-semana alternados.
Como encontros impostos de modo tarifado não alimentam o estreitamento dos vínculos afetivos, a tendência é o arrefecimento da cumplicidade que só a convivência traz. Afrouxando-se os elos de afetividade, ocorre o distanciamento, tornando as visitas rarefeitas. Com isso, os encontros acabam protocolares: uma obrigação para o pai e, muitas vezes, um suplício para os filhos.
Agora, porém, se está vivendo uma outra era. Mudou o conceito de família. O primado da afetividade na identificação das estruturas familiares levou à valoração do que se chama filiação afetiva. Graças ao tratamento interdisciplinar que vem recebendo o Direito de Família, passou-se a emprestar maior atenção às questões de ordem psíquica, permitindo o reconhecimento da presença de dano afetivo pela ausência de convívio paterno-filial.
A evolução dos costumes, que levou a mulher para fora do lar, convocou o homem a participar das tarefas domésticas e a assumir o cuidado com a prole. Assim, quando da separação, o pai passou a reivindicar a guarda da prole, o estabelecimento da guarda conjunta, a flexibilização de horários e a intensificação das visitas.
No entanto, muitas vezes a ruptura da vida conjugal gera na mãe sentimento de abandono, de rejeição, de traição, surgindo uma tendência vingativa muito grande. Quando não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-cônjuge. Ao ver o interesse do pai em preservar a convivência com o filho, quer vingar-se, afastando este do genitor.
Para isso cria uma série de situações visando a dificultar ao máximo ou a impedir a visitação. Leva o filho a rejeitar o pai, a odiá-lo. A este processo o psiquiatra americano Richard Gardner nominou de “síndrome de alienação parental”: programar uma criança para que odeie o genitor sem qualquer justificativa. Trata-se de verdadeira campanha para desmoralizar o genitor. O filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. A mãe monitora o tempo do filho com o outro genitor e também os seus sentimentos para com ele.
A criança, que ama o seu genitor, é levada a afastar-se dele, que também a ama. Isso gera contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos. Restando órfão do genitor alienado, acaba identificando-se com o genitor patológico, passando a aceitar como verdadeiro tudo que lhe é informado.
O detentor da guarda, ao destruir a relação do filho com o outro, assume o controle total. Tornam-se unos, inseparáveis. O pai passa a ser considerado um invasor, um intruso a ser afastado a qualquer preço. Este conjunto de manobras confere prazer ao alienador em sua trajetória de promover a destruição do antigo parceiro.
Neste jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas, inclusive a assertiva de ter sido o filho vítima de abuso sexual. A narrativa de um episódio durante o período de visitas que possa configurar indícios de tentativa de aproximação incestuosa é o que basta. Extrai-se deste fato, verdadeiro ou não, denúncia de incesto. O filho é convencido da existência de um fato e levado a repetir o que lhe é afirmado como tendo realmente acontecido. Nem sempre a criança consegue discernir que está sendo manipulada e acaba acreditando naquilo que lhes foi dito de forma insistente e repetida. Com o tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença entre verdade e mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas personagens de uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas memórias.
Esta notícia, comunicada a um pediatra ou a um advogado, desencadeia a pior situação com que pode um profissional defrontar-se. Aflitiva a situação de quem é informado sobre tal fato. De um lado, há o dever de tomar imediatamente uma atitude e, de outro, o receio de que, se a denúncia não for verdadeira, traumática será a situação em que a criança estará envolvida, pois ficará privada do convívio com o genitor que eventualmente não lhe causou qualquer mal e com quem mantém excelente convívio.
A tendência, de um modo geral, é imediatamente levar o fato ao Poder Judiciário, buscando a suspensão das visitas. Diante da gravidade da situação, acaba o juiz não encontrando outra saída senão a de suspender a visitação e determinar a realização de estudos sociais e psicológicos para aferir a veracidade do que lhe foi noticiado. Como esses procedimentos são demorados – aliás, fruto da responsabilidade dos profissionais envolvidos –, durante todo este período cessa a convivência do pai com o filho. Nem é preciso declinar as seqüelas que a abrupta cessação das visitas pode trazer, bem como os constrangimentos que as inúmeras entrevistas e testes a que é submetida a vítima na busca da identificação da verdade.
No máximo, são estabelecidas visitas de forma monitorada, na companhia de terceiros, ou no recinto do fórum, lugar que não pode ser mais inadequado. E tudo em nome da preservação da criança. Como a intenção da mãe é fazer cessar a convivência, os encontros são boicotados, sendo utilizado todo o tipo de artifícios para que não se concretizem as visitas.
O mais doloroso – e ocorre quase sempre – é que o resultado da série de avaliações, testes e entrevistas que se sucedem durante anos acaba não sendo conclusivo. Mais uma vez depara-se o juiz diante de um dilema: manter ou não as visitas, autorizar somente visitas acompanhadas ou extinguir o poder familiar; enfim, manter o vínculo de filiação ou condenar o filho à condição de órfão de pai vivo cujo único crime eventualmente pode ter sido amar demais o filho e querer tê-lo em sua companhia. Talvez, se ele não tivesse manifestado o interesse em estreitar os vínculos de convívio, não estivesse sujeito à falsa imputação da prática de crime que não cometeu.
Diante da dificuldade de identificação da existência ou não dos episódios denunciados, mister que o juiz tome cautelas redobradas. Não há outra saída senão buscar identificar a presença de outros sintomas que permitam reconhecer que se está frente à síndrome da alienação parental e que a denúncia do abuso foi levada a efeito por espírito de vingança, como instrumento para acabar com o relacionamento do filho com o genitor. Para isso, é indispensável não só a participação de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, com seus laudos, estudos e testes, mas também que o juiz se capacite para poder distinguir o sentimento de ódio exacerbado que leva ao desejo de vingança a ponto de programar o filho para reproduzir falsas denúncias com o só intuito de afastá-lo do genitor.
Em face da imediata suspensão das visitas ou determinação do monitoramento dos encontros, o sentimento do guardião é de que saiu vitorioso, conseguiu o seu intento: rompeu o vínculo de convívio. Nem atenta ao mal que ocasionou ao filho, aos danos psíquicos que lhe infringiu. É preciso ter presente que esta também é uma forma de abuso que põe em risco a saúde emocional de uma criança. Ela acaba passando por uma crise de lealdade, pois a lealdade para com um dos pais implica deslealdade para com o outro, o que gera um sentimento de culpa quando, na fase adulta, constatar que foi cúmplice de uma grande injustiça.
A estas questões devem todos estar mais atentos. Não mais cabe ficar silente diante destas maquiavélicas estratégias que vêm ganhando popularidade e que estão crescendo de forma alarmante.
A falsa denúncia de abuso sexual não pode merecer o beneplácito da Justiça, que, em nome da proteção integral, de forma muitas vezes precipitada ou sem atentar ao que realmente possa ter acontecido, vem rompendo vínculo de convivência tão indispensável ao desenvolvimento saudável e integral de crianças em desenvolvimento.
Flagrada a presença da síndrome da alienação parental, é indispensável a responsabilização do genitor que age desta forma por ser sabedor da dificuldade de aferir a veracidade dos fatos e usa o filho com finalidade vingativa. Mister que sinta que há o risco, por exemplo, de perda da guarda, caso reste evidenciada a falsidade da denúncia levada a efeito. Sem haver punição a posturas que comprometem o sadio desenvolvimento do filho e colocam em risco seu equilíbrio emocional, certamente continuará aumentando esta onda de denúncias levadas a efeito de forma irresponsável.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Homens e suas lembranças

Em mim guardo várias lembranças
e dentro dos armários.
Sou um simples reflexo seco em frente à porta
diferente das minhas memórias que são todas coloridas, e
são de uma intensidade muito viva

com os olhos fechados posso ser quem eu quiser,
empresto minhas formas para adornar as personagens das
minhas elucubrações tão momentâneas,
tão passageiras, distingo dois tempos diferentes pelo cheiro
dentro da mesma gaveta,
dois passados e um presente se encontram,
homens e suas lembranças,
mas o que fazer com elas?
Enquanto não sei
permanecem no mesmo lugar.

domingo, 6 de abril de 2008

Shosha

Terminei de ler Shosha faz alguns dias. Shosha é uma das obras do consagrado pela literatura com um prêmio Nobel o escritor judeu Isaac Bashevis Singer. Conheci o autor uns dois anos atrás quando li seu outro romance : Inimigos, uma história de amor. Shosha é a amada de um jovem escritor Aaron Greidinger filho de um rabino hassídico. O romance é passado na Varsóvia judaica no princípio dos anos 1930, antes no aniquilamento dos judeus pelos nazistas. Aaron também chamado por pessoas mais íntimas de Tsutsik depois que se muda da rua Krochmalna quando pequeno ainda, fica vinte anos sem voltar ao lugar. Conhece Betty Slonim e Sam Dreiman seu marido bem mais velho e milionário americano. Betty é atriz e descobre que Tsutsik começara a escrever uma peça. Ele é contratado e se envolve em um romance com Betty. Volta ao lugar onde morou e acaba por reencontrar Shosha seu amor de infância. A personagem criada de acordo com os costumes judaico-cristão por muitas vezes se questiona sobre a existência de Deus:

"Mas eu acreditava que eu era mesmo herege e meio louco. Havia em nossas estantes exemplares do Zohar, de A árvore da vida, O livro da criação, O pomar de romãs e de outras obras cabalísticas. Encontrei um calendário que registrava muitos fatos sobre reis, homens de estado, milionários e estudiosos. Minha mãe sempre lia o Livro da aliança, que era uma antologia cheia de informações científicas. Nele li sobre Arquimedes, Copérnico, Newton e sobre os filósofos Aristóteles, Descartes, Leibnitz. O autor, reb Elijah de Wilna, envolvia-se em longas polêmicas com aqueles que negavam a existência de Deus e assim aprendi a opinião deles. Embora o livro fosse proibido para mim, eu aproveitava toda oportunidade que tinha para lê-lo. Uma vez, meu pai mencionou o filósofo Espinosa - o nome dele devia ser apagado - e sua teoria de que Deus é o mundo e o mundo é Deus. Essas palavras criaram um torvelinho em minha mente. Se o mundo é Deus, eu, o menino Aaron, com minha capa, meu soildéu de veludo, meu cabelo vermelho, meus sapatos, faço parte do corpo de Deus. Assim como Bashele, Shosha e até meus pensamentos.",

"Do berço à tumba, o homem só pensa no prazer. O que o piedoso quer? Prazer no outro mundo. E o que o asceta quer? Prazer espiritual ou seja lá o que for. Vou ainda mais longe: Para mim, o prazer domina não só a vida, mas o universo inteiro. Espinosa diz que Deus tem dois atributos conhecidos por nós - pensamento e extensão. Digo que Deus é prazer. Se prazer é um atributo, então deve consistir de modos infinitos. Isso quer dizer qie devem existir míriades de prazeres desconhecidos ainda a serem descobertos. Claro, se acontece de Deus ter um atributo de mal, pobre de nós. Talvez Ele não seja tão todo-poderoso afinal de contas e precise da nossa colaboração".

Também são evocados nomes como: Arthur Schopenhauer, Nietzsche, Oscar Wilde, Maimônides, Darwin, Einstein. É abordado também em uma passagem uma discussão sobre a arte moderna :

"Durante algum tempo, discutimos pintura - cubismo, futurismo, expressionismo. Celia visitara havia pouco uma exposição de arte moderna e ficara inteiramente decepcionada. De que maneira uma cabeça quadrada e um nariz como um trapézio podiam ser indicativos do homem e seus dilemas? O que podiam nos dizer cores que não tinham nem harmonia, nem base na realidade? Quanto à literatura, Celia havia lido Gottfried Benn, Trackl, Däubler, além de traduções de poetas modernos americanos e franceses. Todos a deixaram fria. "Eles só querem surpreender e chocar", disse. " Mas a gente fica à prova de choque muito depressa".

Também é narrado vários momentos sobre as consequências ocorridas em detrimento ao Socialismo soviético. É falado sobre as atrocidades cometidas pelos Nazistas. Um livro que mistura romance e história com uma classe que é apanágio dos bons escritores.

Eu digo NÃO as cotas raciais

Um Brasil de cotas raciais?

O Congresso Nacional está prestes a aprovar a introdução de cotas raciais nas universidades sem um debate mais amplo com a sociedade. Tramita ainda o Estatuto da Igualdade Racial, que, apesar da designação ampla, contempla um segmento específico (os afrobrasileiros), propondo, entre outras medidas, que o cidadão declare compulsoriamente a sua "raça" em todos os documentos gerados nos sistemas de ensino, saúde, trabalho e previdência. Cria-se um Brasil de brancos e não brancos, ou de negros e não negros. Essas iniciativas procuram transformar a diversidade étnico-social da população brasileira em grupos raciais estanques.
O argumento é conhecido: temos um passado de escravidão que levou a população de origem africana a níveis de renda e condições de vida precárias. O preconceito e a discriminação contribuem para que a situação pouco se altere. Há a necessidade de políticas sociais que compensem os prejudicados no passado, ou que herdaram situações desvantajosas. Essas políticas, ainda que reconhecidamente imperfeitas, se justificariam porque viriam corrigir um mal maior. Além disso, teriam caráter temporário. No momento atual, no qual mais do que nunca é necessário que se ampliem os debates com a sociedade civil, inclusive com vistas a que o Congresso aperfeiçoe os projetos sob análise, quem discorda desse modelo de políticas sociais, em particular das cotas, vem sendo tachado até mesmo de racista.
A estratégia das cotas é solução equivocada para um problema mal definido. Análises estatísticas mostram correlações importantes entre cor e uma série de desvantagens econômicas e sociais, que persistem mesmo quando outras variáveis são controladas. Assim, "brancos", "pardos" e "pretos", ainda que de mesmo nível educacional, têm rendimentos diferentes. Contudo, essas associações precisam ser vistas com cautela, pois não contam toda a história. Mesmo com o mesmo número de anos de estudo, por exemplo, indivíduos negros e pardos podem ter se formado em cursos de menor prestígio e valorização no mercado de trabalho. De fato, parte das diferenças pode também derivar da exposição à discriminação, ainda que faltem estudos detalhados sobre como os mecanismos discriminatórios operam e produzem as desigualdades observadas. Contudo, o que está ampla e detalhadamente comprovado é que a educação das pessoas é o que mais explica as diferenças de renda e oportunidades de vida.
A maneira mais efetiva de reduzir as desigualdades sociais é pela generalização da educação básica de qualidade e pela abertura de bons postos de trabalho. Cotas raciais, mesmo se eficazmente implementadas, promoverão somente a ascensão social de um reduzido número de pessoas, não alterando os fatores mais profundos que determinam as iniqüidades sociais. São reconhecidamente sérios os problemas envolvidos na implementação de cotas. Transformam classificações estatísticas gerais (como as do IBGE) em identidades com direitos específicos. Já se vê no país a ocorrência de experiências polêmicas de implementação de cotas que desrespeitam o direito das pessoas à autoclassificação. A adoção de identidades raciais não deve ser imposta e regulada pelo Estado. Políticas dirigidas a grupos "raciais" estanques em nome da justiça social não eliminam o racismo e podem até mesmo produzir efeito contrário, ou seja, o acirramento do conflito e da intolerância, como demonstram exemplos históricos e contemporâneos.
Que Brasil queremos? Um país no qual as escolas eduquem as crianças pobres, independentemente da cor ou raça, dando-lhes oportunidade de ascensão social e econômica; no qual as universidades se preocupem em usar bem os recursos e formar bem os alunos. No caso do ensino superior, o melhor caminho é aumentar o número de vagas nas instituições públicas, ampliar os cursos noturnos, difundir os cursos de pré-vestibular para alunos carentes, implantar câmpus em áreas mais pobres, entre outras medidas. Devemos almejar um Brasil no qual ninguém seja discriminado, de forma positiva ou negativa, pela cor ou raça: que se valorize a diversidade como um processo vivaz que deve permanecer livre de normas impostas pelo Estado a indivíduos que não necessariamente querem se definir segundo critérios raciais



Não me recordo de quem é o texto, pois está guardado comigo já faz um tempo, mas é um texto excelente que desmacara o velho dois pesos duas medidas exaltados pela CAUSA. A que era pela desigualdade social, que evovaca em nome da humanidade a igualdade entre os homens suscitadas em 1917 já temos os resultados, a pela desigualdade racial ainda não conhecemos, mas partimos das prévias.

sábado, 5 de abril de 2008

Descaso na Central do Brasil 09:08 da manhã






















Estou indignado com o descaso do metrô do Rio com os usuários da linha. Cheguei atrasado no trabalho quase uma hora. O metrô criou um beneficente sistema de integração com a super via e com linhas de ônibus da própria empresa. Mas parece não terem previsto que não teriam como suprir a demanda de uma forma eficiente, conclusão: O caos está instalado. Essa falta de respeito tem assolado a população. Espero que o metrô possa ter uma solução para esse problema de uma forma mais eficaz, menos inepta. Vide as fotos acima!!!
04 de abril de 2008