quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Jargões cotidianos


Ouço quase que diariamente as pessoas dizerem: " Pobre é muito porco, joga lixo no chão, não tem educação, parecem um bando de mal-educados, etc...". Trabalho em botafogo e poderia dizer: " Rico é muito imundo, joga no chão qualquer coisa, não tem o mínimo de educação, colocam seus poodles para mijar a cagar bem em cima da tranca das portas do estabelecimento o qual temos que colocar a mão para levantá-las, etc...". Bem, na verdade é um grande engano da nossa parte achar que quem é porco e mal-educado sejam os pobres, tampouco os ricos, ou tomando emprestado os jargões que mais ouço em relação a essa conduta porca, os proletários e a burguesia. Quem é porco e mal educado é o ser humano. A porcaria e falta de educação são intrínsecas à algumas pessoas, pobres ou ricas. A condição social não faz ninguém melhor nem pior, como diria Caetano: cada um é a dor e a delícia de ser aquilo o que é.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Tomasi Di Lampedusa

" Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude."

Falando sobre Arte


De Platão ao Classicismo, os filósofos tentaram fundamentar a objetividade da arte e da beleza. O classicismo indo mais longe, fundamentou a " estética normativa", onde o objeto torna-se peculiar, independente do espectador que o percebe. Esse período Renascentista traz à luz o " antropocentrismo" que atinge sua plenitude e não mais encontra sentido para os grilhões da arte religiosa, libertando-se deles. Voltando à subjetividade da arte, David Hume relativiza essa, a beleza e ao gosto de cada um filosofando que aquilo que depende do gosto e da opinião pessoal não pode ser discutido racionalmente, portanto o belo não está mais no objeto, mas nas condições de recepção do sujeito. O princípio do juízo estético então, é o sentimento e a percepção que reside no sujeito e não no conceito do objeto. Entretanto, há a possibilidade de uma universalização desse juízo subjetivo na medida em que as condições subjetivas da faculdade de julgar são as mesmas para todos os homens. Essa ingênua universalização de juízos que Kant tanto propusera, levou Hegel a introduzir o conceito histórico na arte, onde a estética depende mais da cultura e da visão de mundo vigentes no sujeito do que uma exigência interna do belo. Montesquieu assumiu uma grande empreitada na tentativa de disassociar o ideal de gosto, ou de belo, da análise crítica em sua última instância. O objeto é belo porque realiza o seu destino, é autêntico, é um objeto singular e sensível, que carrega um significado que só pode ser percebido na experiência estética. A idéia de um único valor estético a partir do qual julgamos todas as obras é inexistente.

Meus pensamentos

As reflexões da moral dão menos respostas práticas. Percorremos muitos caminhos com o objetivo de chegar no mesmo lugar por onde pegaríamos um atalho, e então, perdemos muito tempo pensando e buscando mais lentamente a mesma coisa...

02/01/07.

Perder, ganhar

Com as perdas só há um jeito:
perdê-las.
Com os ganhos,
o proveito é saborear cada um
como uma fruta boa da estação.

A vida, como um pensamento,
corre à frente dos relógios.
O ritmo das águas indica o roteiro
e me oferece um papel:
abrir o coração como uma vela
ao vento, ou pagar sempre a conta já vencida.

Lya Luft - extraído do livro " Pra não dizer adeus"

Elas preferem os fortinhos.

Nessa era em que vivemos chamada de "pós-modernidade"( nunca entendi mesmo esse conceito), continuo me sentindo uma aviltado. Nós, um pequeno grupo constituído de pessoas com o QI acima da grande média, continuamos a ser desprezados pelas mulheres bonitas, não por sermos feios, mas por sermos eu diria... intelectuais. O intelectual já teve um valor mais indispensável como foi analisado por George Steiner. No século XXI em meio as turbulências da vida cotidiana, a correria atrás de um lugar ao sol, elas preferem mesmo os FORTINHOS. Não precisa nem ter dinheiro, lógico que tendo um carrinho para buscá-la na saída do trabalho ajuda, e como ajuda. Bastou ser marombadinho de academia elas tão caíndo em cima. Músculos rijos, abdome definido, um par de coxas grossas, e um peito estufado fazem a diferença na nossa ditadura da beleza. Ainda têm umas que dizem ao saber que o cara é uma mula: Ihhhhh, ligo não, esse aí comigo não precisa nem abrir a boca, pelo menos para falar... Poucas são as que caem no papo de discutir se a Arte evolui, que tomam café em livrarias, que aceitam um convite de visita ao CCBB, que assistem Hedda Gabler ao invés de PARAÍSO TROPICAL, que ainda teimam em saber a que cargas d´água anda a filosofia contemporânea e as ideologias, blá blá blá.

É amigos. Ficamos para trás once again. Até existe todo um esteriótipo mental formado sobre nós: Feio, gordo, usa aparelho nos dentes, o cabelo parecendo que o boi deu uma lambida, óculos fundo de garrafa, e outros opróbios usados no lugar dos adjetivos. Não importa que você tenha lido os clássicos da literatura, a massa cinzenta é realmente desprezada. Bom, o que me consola é que pelo menos não sou feio, nem gordo, não uso aparelho nos dentes, não tenho o cabelo lambido pelo boi, até uso óculos, mas não fundo de garrafa, e já que não sou FORTINHO, vou pegar o rumo para a minha biblioteca terminar meu ensaio sobre o conceito de música no Romantismo Alemão e se der tempo, ainda encontro uma louca que aceite um café na Livraria da Travessa ao som de Charlie Parker.

domingo, 25 de novembro de 2007

"Ai ai fazê u que!"

É. Criei uma enorme resistência ao blog citado abaixo, principalmente por causa do Nietzsche. Depois vi que também é feminista de carteirinha e tudo! Mas confesso, não resisti; li o blog novo praticamente todo. Outstanding. Uma mulher muito petulante. Eu também sou petulante, tanto é que estou comentando o blog dela... Hummm uma mulher de trinta. Interessante. A mulher do século XXI, despojada, desbocada, com o pé firme no chão, independente. Amazing. Quem sabe isso ainda não dá o que falar... Como disse choppinho sábado à noite.

Once bitten twice shy

Hoje eu li em um blog, que por coincidência tem o mesmo título que um post meu escrito anteriormente, o seguinte:

GASTANDO A ERUDIÇÃO. Utilizações alternativas para os grandes livros dos grandes pensadores.

Humano, Demasiado Humano (NIETZSCHE, F.) : espécie de calço para colocar com manejo entre a parede e a cabeceira da cama pra fazer parar aquele barulho irritante da pancada na hora dos movimentos sexuais.

Filosofia das Formas Simbólicas. (CASSIRER, E.): apoio para copos: drinks, cerveja ou quentes e, ainda, dependendo da ocasião, apoio também para a petisqueira, evitando manchar o tampo da mesa.

O Grau Zero da Escrita. (BARTHES, R.): adorno para suvaco. Filosofia de axila para impressionar o sexo oposto - ou o mesmo se for o caso.

A pessoa se entitula como uma concorrente ao mestrado em letras; e não em história. Apesar disso existe uma outras erudição em meio aos escombros dialéticos dessa criatura. Sinto em lhe informar mas para quem estuda na biblioteca do CCBB, pelo menos é o que é divulgado no blog, e vai concursar para o mestrado de letras pelo menos poderia colocar " quando vou à padaria". Uma coisa curiosa, se o livro do Nietzsche serve de calço para conter o barulho na hora da cama, ao que parece a foda é bem melhor do que a preferência filosófica, muito mais excitante eu diria. O mais estranho é a colocação de que " OS GRANDES CRÍTICOS LITERÁRIOS E TAL, NOSSA QUE MARAVILHA QUE ELES SÃO..." você enaltece os caras e rejeita o Nietzsche. Desculpe-me não é pessoal, é Nietzscheano, rss. Você já leu a crítica do Carpeaux sobre o Nietzsche? E a do Jorge Luís Borges? Você já leu na antiga coleção " o pensamento vivo " a introdução escrita pelo André Gide na biografia do Nietzsche? Hummmm.... sei não hein! Concorda que soa estranho?
Outra coisa: se não gostou de Barthes e Cassirer, espere até o Wittgenstein e no Benveniste. Aí você vai querer morreeeeeeeeeeeeerrrrr.
Desculpe a brincadeira, eu vi seu blog depois com calma e é muito bom realmente, você parece ser uma raridade de mulher do século XXI, e eu em minha elucubrações Balzaquianas... mas até que um choppinho e literatura num sábado cairia bem.

domingo, 18 de novembro de 2007

A falta do advérbio fora da abstração.


Muitas vezes sabemos o que queremos. Poucas vezes sabemos COMO queremos o que queremos. Aí está o erro da nossa conduta; é a falta do advérbio!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Sem título

A cada dia que passa, o meu amor fica maior, fica mais profundo.
É bem verdade que o tempo fortalece o amor maduro,
Aquele que sobrevive a tudo, na chuva e no sol,
Nos dias cheios ou solitários,
No aconchego do peito ou na distância,
No carinho ou na saudade.

Os dias vão passando e ele vai criando raízes, e vai crescendo,
E vai minando em si mesmo, e vai expandindo-se,
A cada dia
Mais e mais.

domingo, 11 de novembro de 2007

O tempo, o tempo, o tempo...


É com imensa satisfação que o equilíbrio foi encontrado novamente. Os dois lados da mesma moeda se encontram, com o mesmo valor, as duas vontades de poder, frente à frente em sua batalha, agora com o mesmo número de soldados.

Aprendi a ter paciência. Paciência, paciência...uma palavra que ecoa e faz reverberar todo um repetitivo som, as palavras que saem entre os dentes, suas sílabas desarrumadas, decrépitas pelo tempo.
Se reserva para que tenha a si mesma. É um fim em si mesmo.

Com paciência vou lapidando essa escultura viva, vou vivendo cada dia, e cada dia que vou vivendo é um dia, é um dia diferente, um dia. Vou seguindo a estrada de tijolos amarelos que tanto falo e sei que não entendem; não sabem do que falo, criaturas curiosas. E vou revelar-te um segredo: o segredo é saber esperar...