quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Amar dói muito

Amar dói muito,
entope as veias,
tira o ar,
paralisa o tempo.

Amar dói nas pernas e
nos braços, desconjunta
a individualidade e
tira a razão.

Amar é primeiro crer
no amor e no fim o
resto é o resto,
e eu faço aqui um
protesto contra o amor,
porque amar meu amigo,
amar dói muito.

Rubenso Ramalios

Poesia

Comigo me desavim
Sou posto em todo o perigo
Nao posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor da gente fugia;
Antes que esta assi crecesse;
Agora já fugiria
De mim se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim.

Sá Miranda

Em meu ofício ou arte taciturna

Em meu ofício ou arte taciturna
Exercido na noite silenciosa
Quando somente a lua se enfurece
E os amantes jazem no leito
Com todas as suas mágoas nos braços,
Trabalho junto à luz que canta
Não por glória ou pão
Nem por pompa ou tráfico de encantos
Nos palcos de marfim
Mas pelo mínimo salário
De seu mais secreto coração.

Escrevo estas páginas de espuma
Não para o homem orgulhoso
Que se afasta da lua enfurecida
Nem para os mortos de alta estirpe
Com seus salmos e rouxinóis,
Mas para os amantes, seus braços
Que enlaçam as dores dos séculos,
Que não me pagam nem me elogiam
E ignoram meu ofício ou minha arte.

Dylan Thomas