sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Liberdade e meditação.


Rameau


Epicteto


"Nenhuma das coisas que se admiram e se buscam com zelo é útil aos que as obtiveram; mas quando ainda não se as têm, imagina-se que, se acontecerem, todos os bens estarão presentes com elas; e, quando estão diante de nós, sentimos a mesma febre, a mesma agitação e aborrecimento, o mesmo desejo pelas coisas que não temos. Pois não é saciando-se com as coisas desejadas que se prepara a liberdade, é pela supressão dos desejos."



Democracia ...?

Foi enterrada hoje Benazir Bhutto. Os principais jornais do mundo comentam, falam sobre a onda de violência que aumenta no Paquistão, falam em perda para a democracia e... Democracia?! Isso existe no Paquistão? Eles fazem alguma idéia do que seja isso? Aí dizemos que eles são atrasados e tornamo-nos Imperialistas, tornamo-nos invasores e impositores da nossa cultura, da nossa democracia, para os mais radicais um " american way of life" para o povo paquistanês. Então vem alguém e diz: bom, pelo ponto de vista histórico, veja bem, é um povo que vive assim há gerações e lá lá lá... ou: Se a investigação for feita pelo lado da antropologia, iremos constatar que blá blá blá ... . Paquistão, acorda PORRA, as pessoas estão morrendo e o país está na merda!!!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007



Grande Sebastião Salgado

Procrastinação

Agora que passou toda a minha melancolia natalina( embora meu natal não tenha sido dos piores), preciso dar início as minhas tarefas bibliotecárias. Já comentei em posts anteriores que estou em férias coletivas até dia 2 de Janeiro e separei duas obras para ler, mas que ainda nem foram abertas. Coloquei sobre meus livros da biblioteca um livro chamado O HOMEM REVOLTADO do Camus e AS GRANDES PAIXÕES uma coletânea do contos do Maupassant. Pensei que iria lê-los bem rápido. Mas como me dou ao luxo de ser um homem moderno, um homem do século XXI, bem resolvido, pois moro sozinho, tenho meu emprego, não possuo dependência de terceiros, mas... não tenho empregada!!! O trabalho de casa fica todo para mim e minha sorte é não ser muito bagunçeiro, notem que escrevi não muito. Bom, mas como o livro é atemporal e um prazer quase que sexual, com a diferença de que eu atingo o orgasmo sozinho, quero ver quando vou começar a ler nos seis dias que me restam ainda. Por enquanto permanecem na biblioteca.

domingo, 23 de dezembro de 2007


Minha noite de natal terá velas acesas, terá luzes mornas.
Terão pedidos angustiados pela saudade que aumenta em cada dia.
Terá falta de cantigas de ninar e de presentes ao redor da árvore que nem sequer existe.
Terá menos alegrias e terá mais faltas.
Terá menos pisca piscas e as guloseimas tradicionais das famílias felizes.
Me resta uma nesga de cada coisa, cada lembrança mais distante que a outra em um retrocesso imaginário ao intocável.
Pessoas transitavam em plena casa, aos montes, desgovernadas carregando para a mesa o que já estava pronto, adornando-a para a ceia.
As cores e sons que agora estão desbotados são as minhas lembranças vivas, pulsando em mim como uma fera, que rasga e dilacera.
Os presentes já não estão mais presentes, os dias passam e a vida segue.
Onde está agora minha vida Clara?
Eu não sei. Não entendo porque dessa forma. Nunca irei.
Uns seguem o seu destino, outros desperdiçam os deles e os dos outros.
Talvez a luz ainda continue apagada.

Momentos de saudade



quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O presente de Lara


Fazia muito tempo que não via Lara quando recebi um telefonema de sua mãe me convidando para conhecer a casa onde estavam morando. Não sabia bem o motivo de tal consideração depois de quase um ano. Na manhã seguinte, fiz minhas malas colocando somente o essencial para passar uns cinco dias na cidade. Naquela época do ano tudo ficava mais caro, as passagens, a hospedagem e alimentação, tudo. Só sabia que a mãe de Lara havia ido embora e não tinha deixado recado. Um vizinho próximo da antiga casa que por coincidência tinha resolvido ir ao mesmo mercado que eu foi quem me deu a notícia. Depois das primeiras palavras da ida de Lara para um outro Estado, eu lia os movimentos dos lábios daquele espírito bem intencionado sem compreender o que era dito. Uma cena muda como os filmes sem diálogos. Demorou um pouco até que eu me refizesse do impacto daquelas palavras que como uma flecha me dividia em dois. Rumo à estação rodoviária do Rio de Janeiro, parei no caminho avistando uma loja de brinquedos. A vitrina estava cheia de preciosidades aos olhos pequeninos, olhos de Lara. Ao entrar na loja avistei bem no fundo do corredor algo por demais cativante e de súbito uma emoção tomou conta de meu corpo. Era ela, era o presente de Lara. A estação estava cheia devido a todos quererem estar no dia de natal com seus entes mais queridos. Ao embarcar, corri os olhos por cima das cadeiras para encontrar o assento que estava destinado ao meu acomodamento. Sabia que a viagem seria longa, dezesseis horas de estrada me separavam do meu destino mais aguardado depois desse um ano sem contato. Ao descer do ônibus, tentava com cuidado carregar o presente que eu esperava ser recebido com alegria. Peguei um táxi e segui em direção à Avenida Quinta admirando a paisagem que no verão se fazia notória. Muitos fotógrafos teriam inspiração em executar seus trabalhos nesse paraíso tão grande que se abriga cerca da praia. Seguindo a rua que era de mão dupla, a casa ficava bem no final, a primeira do lado direito, logo que terminava a estrada e começava o barro. Conforme ia me aproximando sentia meu corpo estremecer, era o manifesto de uma sensação que parecia antever os acontecimentos futuros. As mãos suadas levavam o presente de Lara cuidadosamente. Aproximando-me do portão, um cão de pêlos longos e bem tratados preto e brancos latia para mim anunciando aos que estavam do lado de dentro da casa a chegada de um estranho. Assim que a porta se abriu, pude ver ao longe um ser delicado como uma flor. Um ser que me analisava com seus olhos curiosos, me percebia talvez em sutilezas indescritíveis. Pois era ela, a minha querida Lara, aquele ser que se aproximava do portão a passos curtos e desconfiados, que enxotava o cão que ainda latia. Quando chegou bem perto onde suas mãos pudessem passar pelas frestas do portão verde eu lhe disse: Olha filha o que eu lhe trouxe! Ela é quase do seu tamanho e você está tão grande... . Como da última vez em que tinha me visto seus olhos lacrimejantes se fixaram nos meus e em tom ameno e rouco pela peculiaridade do momento ela disse: Papai eu não quero ficar sem você! Me abraçou como pôde pelas frestas do portão como que para não me deixar escapar. Concluí então naquele momento que a boneca adquirida em uma loja no caminho era apenas uma boneca adquirida em uma loja no caminho.
CONTOS RUBENSIANOS

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Vixe Maria

Agora danou-se de vez. Resolvi que vou voltar a fotografar. Não como um fotógrafo profissional porque no amadorismo eu preservo a minha liberdade. Sexta feira vou tirar o dia para comprar minha tão almejada porra da câmera. Estou precisando de um pouco de arte e paciência na minha vida. Por isso eu digo: viva a fotografia!







segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

tá chegando!!!!!


Ahhhhh, que beleza. Dia 20 está chegando e a empresa entre em recesso. Gorgeous. Pensar em livraria agora só depois de 2 de Janeiro... pelo menos a minha, rssss.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Suspeitei desde o princípio


Eu disse que o Chávez não iria entrar no Mercosul e ele entrou; Jurava que a CPMF seria aprovada e que a minha contibuição iria entrar pelo cano até 2011... maravilha, até que enfim. Não contavam com a minha astúcia.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Homenagem à Manon.


Lescaut era uma mulher cruel. Sua imagem afligia o jovem e inexperiente Des Grieux e....patético Des Grieux. Acorda pra vida mané. Tu acha mesmo que Manon te amava? Claro que não. Nunca te amou, sempre preferiu seguir seus vícios. A vontade é tudo o que importa. A riqueza e o luxo que moviam Manon. Figuras como M.B. também foram enganadas. Sem falar de G...M... e nosso pobre herói, um último dos românticos ou Românticos. Um sentimento sofrido, a sensação do abandono e a auto piedade vão dando forma a essa romance fantástico conhecido como Manon Lescaut. Uma obra prima escrita em 1731 pelo Abade Prévost como sendo a última parte de um grande romance dividido em sete tomos. A obra também ganhou duas versões líricas por Jules Massenet em 1884 e por Giacomo Puccini em 1893. Só tenho a dizer: Leiam Manon.

Feliz dia das bruxas

Venho por este comunicar que hoje de manhã perto do túnel Santa Bárbara vi um poster feito com o seguinte dizer: "Hallowen é satanismo, o Brasil é uma país cristão." Sinceramente não pude compreender o que a mensagem queria passar. Primeiro porque tanto o Brasil quanto os Estados Unidos são países cristãos, ou pelo menos tem a maioria cristã. Segundo porque o Hallowen de acordo com a sua contextualização histórica e cultural nunca teve a ver com satanismo. Essa é a mesma iniciativa do grupo que vem distribuindo cartazes pelo Rio sobre uma identidade cultural brasileira, os nossos xenófobos de plantão. Realmente a idéia do cartaz é um argumento com nenhuma sustentabilidade. A idéia de nacionalização, foi o que levou ao holocausto países como a Alemanha, China, Camboja entre outros, ou melhor dizendo, a ideologia esquedopata. Melhor do que ser brasileiro é ser um cidadão do mundo. A mensagem é de uma vertente muito mais política do que cultural, feita em repressão aos valores Americanos, o qual nos foi legado a idéia pelo francês Alexis de Tocqueville no século 19 e atualmente pelo filósofo francês Bernard Henry-lèvy em seu livro America Vertigo, sobre a condição de um dos países mais democráticos e de diversidades culturais do mundo. Então em nome da diversidade cultural, e da liberdade, desejo à todos um feliz dia das bruxas.


Texto escrito dia 25/10/07

domingo, 9 de dezembro de 2007

Dái-me


Sexta feira foi um dia muito diferente para mim. Compareci ao fardamento de um amigo na igreja dele. Apesar de eu ser um cético, completamente incrédulo de tudo o que é levado ao âmbito do conhecimento, e que não se prova nem pelo empirismo, nem pela razão, é algo o qual não podemos ter certeza. Entramos no âmbito da fé. Eu respeito e fui marcar a minha presença. Sou da opinião de que cada um encontra a si mesmo de alguma maneira, mas para não me estender prolixamente sobre as minhas qualificações filosóficas, vamos aos fatos. A igreja conhecida como Santo Daime me impressionou bastante. O culto agregado de valores sincréticos, na verdade a religião é um sincretismo, foi muito bonito. As pessoas todas vestidas com suas roupas branca e verde, os homens de terno e as mulheres de vestido, entre a dança e o canto dos hinos. Como tudo tem sempre uma primeira vez, vou adiantando que tomei o tão famoso chá. Um gosto nauseabundo tomou conta de todo o meu aparelho digestivo, depois de uns 40 ou 50 minutos oscilando entre ritmos compassados e hinos, o tão famoso efeito tomou conta de mim. Vomitei até colocar todos os bofes para fora, e olha que foi uma semana em que eu nem comi carne. Tiramos fotos para servir de exemplo para a posteridade. Uma casa muito bonita estilo colonial é onde acontece os encontros dos daimistas aqui no Rio de Janeiro. Para completar, uma experiência muito nova e proveitosa, mas mesmo assim: " Chá nunca mais..."

sábado, 8 de dezembro de 2007

amanhã

Clareia o meu dia e o sol raiando desponta no fundo da paisagem como se fosse a primeira contemplação a ser feita.
Tudo se clareia pela manhã,
não importa o que houve na madrugada
De tantas e tantas noites sem um afago,
Sem um cheiro.

Invento vozes.
Crio no imaginário a realização de tudo o que não acontece,
E isso é o potencializador e afirmador da vida.
As vozes que invento, todo um texto, toda uma cena,
Que repete a si mesma
E vai preenchendo o vazio,
E vai criando sentido
E vai dando vida.
A prova mais Clara daquilo que nunca perdemos,
e que está longe de qualquer definição.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Grande sabedoria.

Nelson Rodrigues estava certo: num determinado dia um idiota subiu num caixote de cebolas e começou a fazer um discurso. De repente, os imbecis descobriram que estavam em número maior, e o desastre começou, durando até hoje.