domingo, 23 de dezembro de 2007


Minha noite de natal terá velas acesas, terá luzes mornas.
Terão pedidos angustiados pela saudade que aumenta em cada dia.
Terá falta de cantigas de ninar e de presentes ao redor da árvore que nem sequer existe.
Terá menos alegrias e terá mais faltas.
Terá menos pisca piscas e as guloseimas tradicionais das famílias felizes.
Me resta uma nesga de cada coisa, cada lembrança mais distante que a outra em um retrocesso imaginário ao intocável.
Pessoas transitavam em plena casa, aos montes, desgovernadas carregando para a mesa o que já estava pronto, adornando-a para a ceia.
As cores e sons que agora estão desbotados são as minhas lembranças vivas, pulsando em mim como uma fera, que rasga e dilacera.
Os presentes já não estão mais presentes, os dias passam e a vida segue.
Onde está agora minha vida Clara?
Eu não sei. Não entendo porque dessa forma. Nunca irei.
Uns seguem o seu destino, outros desperdiçam os deles e os dos outros.
Talvez a luz ainda continue apagada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Este é o lado ruim de crescer e ficar independente.