domingo, 6 de abril de 2008

Shosha

Terminei de ler Shosha faz alguns dias. Shosha é uma das obras do consagrado pela literatura com um prêmio Nobel o escritor judeu Isaac Bashevis Singer. Conheci o autor uns dois anos atrás quando li seu outro romance : Inimigos, uma história de amor. Shosha é a amada de um jovem escritor Aaron Greidinger filho de um rabino hassídico. O romance é passado na Varsóvia judaica no princípio dos anos 1930, antes no aniquilamento dos judeus pelos nazistas. Aaron também chamado por pessoas mais íntimas de Tsutsik depois que se muda da rua Krochmalna quando pequeno ainda, fica vinte anos sem voltar ao lugar. Conhece Betty Slonim e Sam Dreiman seu marido bem mais velho e milionário americano. Betty é atriz e descobre que Tsutsik começara a escrever uma peça. Ele é contratado e se envolve em um romance com Betty. Volta ao lugar onde morou e acaba por reencontrar Shosha seu amor de infância. A personagem criada de acordo com os costumes judaico-cristão por muitas vezes se questiona sobre a existência de Deus:

"Mas eu acreditava que eu era mesmo herege e meio louco. Havia em nossas estantes exemplares do Zohar, de A árvore da vida, O livro da criação, O pomar de romãs e de outras obras cabalísticas. Encontrei um calendário que registrava muitos fatos sobre reis, homens de estado, milionários e estudiosos. Minha mãe sempre lia o Livro da aliança, que era uma antologia cheia de informações científicas. Nele li sobre Arquimedes, Copérnico, Newton e sobre os filósofos Aristóteles, Descartes, Leibnitz. O autor, reb Elijah de Wilna, envolvia-se em longas polêmicas com aqueles que negavam a existência de Deus e assim aprendi a opinião deles. Embora o livro fosse proibido para mim, eu aproveitava toda oportunidade que tinha para lê-lo. Uma vez, meu pai mencionou o filósofo Espinosa - o nome dele devia ser apagado - e sua teoria de que Deus é o mundo e o mundo é Deus. Essas palavras criaram um torvelinho em minha mente. Se o mundo é Deus, eu, o menino Aaron, com minha capa, meu soildéu de veludo, meu cabelo vermelho, meus sapatos, faço parte do corpo de Deus. Assim como Bashele, Shosha e até meus pensamentos.",

"Do berço à tumba, o homem só pensa no prazer. O que o piedoso quer? Prazer no outro mundo. E o que o asceta quer? Prazer espiritual ou seja lá o que for. Vou ainda mais longe: Para mim, o prazer domina não só a vida, mas o universo inteiro. Espinosa diz que Deus tem dois atributos conhecidos por nós - pensamento e extensão. Digo que Deus é prazer. Se prazer é um atributo, então deve consistir de modos infinitos. Isso quer dizer qie devem existir míriades de prazeres desconhecidos ainda a serem descobertos. Claro, se acontece de Deus ter um atributo de mal, pobre de nós. Talvez Ele não seja tão todo-poderoso afinal de contas e precise da nossa colaboração".

Também são evocados nomes como: Arthur Schopenhauer, Nietzsche, Oscar Wilde, Maimônides, Darwin, Einstein. É abordado também em uma passagem uma discussão sobre a arte moderna :

"Durante algum tempo, discutimos pintura - cubismo, futurismo, expressionismo. Celia visitara havia pouco uma exposição de arte moderna e ficara inteiramente decepcionada. De que maneira uma cabeça quadrada e um nariz como um trapézio podiam ser indicativos do homem e seus dilemas? O que podiam nos dizer cores que não tinham nem harmonia, nem base na realidade? Quanto à literatura, Celia havia lido Gottfried Benn, Trackl, Däubler, além de traduções de poetas modernos americanos e franceses. Todos a deixaram fria. "Eles só querem surpreender e chocar", disse. " Mas a gente fica à prova de choque muito depressa".

Também é narrado vários momentos sobre as consequências ocorridas em detrimento ao Socialismo soviético. É falado sobre as atrocidades cometidas pelos Nazistas. Um livro que mistura romance e história com uma classe que é apanágio dos bons escritores.

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