"Entre as cidades invisíveis há uma sobre palafitas, e os moradores observam do alto a própria ausência. Talvez, para compreender quem sou, eu tenha que observar um ponto no qual poderia estar, e não estou. Como um velho fotógrafo que faz pose diante da objetiva e depois corre para acionar o botão do disparador à distância, fotografando o ponto em que poderia estar, mas não está. Talvez esse seja o modo de os mortos olharem os vivos, misturando interesse e incompreensão. Mas isso eu só penso quando estou deprimido. Nos momentos de euforia, penso que aquele vazio que não ocupo pode ser preenchido por outro eu mesmo, que faz as coisas que eu deveria ter feito, e não soube fazer. Um eu mesmo que só pode brotar desse vazio."
Italo Calvino - trecho do livro: "As cidades invisíveis"
segunda-feira, 21 de julho de 2008
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