A 27 de junho de 1883, o escritor russo Turgueniev, que, com Tolstói, era tido como o mais importante, envia a Yasnaya - Poliana, onde morava seu amigo, uma carta perturbadora. Alguns anos depois, ele verificou este fato estranho: Tolstói, ao qual considera como o maior escritor de seu país, se afastou da literatura para se aproximar de uma "ética mística", até ser completamente absorvido por ela; ele que sabia melhor do que ninguém retratar a natureza e o homem, conserva agora sobre a sua mesa somente a bíblia e tratados de telogia. Turgueniev se inquieta e se aflige: poderia Tolstói, como Gogol, desperdiçar anos decisivos em especulações religiosas que não tem sentido algum para o mundo? Apesar de moribundo, segura a caneta, ou antes o lápis - porque suas mãos enfraquecidas pela morte próxima não podem sustentar uma caneta - e se dirige ao mais grandioso gênio da sua pátria para lhe fazer uma pungente invocação: " Que esta seja - escreve ele - a última e sincera súplica de um moribundo. Voltai à literatura! É vosso verdadeiro dom. Ouvi a minha prece, grande escritor da terra russa".
A este tocante apelo, vindo do leito de um moribundo - a carta foi interrompida no meio e Turgueniev escreve que lhe faltam as forças - Tolstói não respondeu imediatamente; quando decidiu fazê-lo, era já tarde demais. Turgueniev morreu sem saber se a sua súplica fora atendida.
sábado, 5 de janeiro de 2008
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2 comentários:
Ele deveria dedicar este trecho ao nosso pais que se perde na religiosidade, que cada vez deixa o povo mais ignorante, e claro, intolerante.
voltemos a literatura.
Bruninho, como eu prometi vim aqui deixar um comentário!
Tá muito legal seu blog!
Te amo! beijinhos, Dani
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