O clima na sala estava bastante agradável, as pessoas falavam em uma tonalidade em que as palavras tornavam-se incompreensíveis. Os convidados comiam e bebiam, cada presença ali para mim era importante naquele aniversário. Apartamento cheio, o som das vozes e violões que cantavam e tocavam ia pouco a pouco tomando o espaço das conversas e quando me levanto para ir até a cozinha de repente a campainha tocou. Andei até o corredor que dava para a porta de entrada para abrí-la e deparei-me com uma cena muito inesperada. Duas figuras, duas surpresas, uma muito amada, a outra um ser desprezível. Diferentes expressões faciais se deram naquele encontro quase que ilógico. Vi malas no chão e rostos fatigados pela viagem, vi um apelo sem palavras. Tudo era mudo, era gestual, tudo equivalia as nossas interpretações. Lara quando me viu parecia encantada. Me abaixei e abracei-a em meu colo, no meu afago de pai, um porto em que a gente ancora. Sentia seu pequeno corpo recostado sobre o meu, uma criança que sentia saudades, meu aniversário, um alguém que nunca se importou com nada além de si mesmo e suas malas, um pedido de ajuda.
domingo, 23 de março de 2008
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Um comentário:
só posso te desejar boa sorte, mais uma vez...
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