Acordei pela manhã bem cedo. Pûs meu palitó preto, me olhei no espelho terminando de ajeitar minha gravata, passei a mão no buquê de flores (barba feita) e saí. Era uma longa jornada até chegar no cemitério e mesmo de manhã, o sol já estava pelando de rachar a cuca. Enquanto caminhava distraído pela calçada cheia de buracos e soerguimentos fecais - é mais nobre do que dizer merda de cachorro -, notei que um de meus sapatos não fora totalmente "bem" engraxado.
Então, pensei que se a falecida pudesse levantar de seu sono profundo, subiria em sua cova e diria: Aldalberto, mais uma vez você não engraxou direito os seus sapatos! Você sempre foi mesmo um molóide desastroso. Não presta atenção em nada que faz! É por isso que você não pára em emprego nenhum, blá blá blá...
Saindo de minhas elucubrações, notei que já estava bem perto da entrada do cemitério. Parei em frente ao portão e como manda o figurino, me benzi antes de entrar, só para não correr o risco de ficar por alí mesmo, entende. A sepultura de Josefa ficava escondida no final do último corredor do lado direito, no final do cemitério. Mas aí me pergunto para quê tanto sofrimento? Criar calos nos pés por andar feito um mártir nesse sol escaldante, tudo isso para entregar um buquê de flores idiota para aquela mulher de voz irritante, com quem tive o desprazer de conviver por nove anos? Era só Josefa se levantar com o cabelo em corte estilo copa de árvore, com seu bafo destruidor - que aliás é oportuno mencionar caro leitor que na potência máxima nem as baratas sobreviveriam- que o dia para mim já começava errado.
Naquele dia de finados, o dia mais importante para as minha confissões, minha grande chance de exprimir meus mais sinceros sentimentos de desprezo por aquela criatura decadente. Avistei de longe o sarcófago que abrigava a múmia e fui me aproximando bem devagarinho, à passos lentos, sem fazer barulho para não acordar os outros defuntos. Começava a vislumbrar a foto de Josefa e em seu epitáfio estava escrito: " Josefa Miranda Sá, tão simples, mas complexa até demais para uma pessoa tão repugnante."
continua...
Então, pensei que se a falecida pudesse levantar de seu sono profundo, subiria em sua cova e diria: Aldalberto, mais uma vez você não engraxou direito os seus sapatos! Você sempre foi mesmo um molóide desastroso. Não presta atenção em nada que faz! É por isso que você não pára em emprego nenhum, blá blá blá...
Saindo de minhas elucubrações, notei que já estava bem perto da entrada do cemitério. Parei em frente ao portão e como manda o figurino, me benzi antes de entrar, só para não correr o risco de ficar por alí mesmo, entende. A sepultura de Josefa ficava escondida no final do último corredor do lado direito, no final do cemitério. Mas aí me pergunto para quê tanto sofrimento? Criar calos nos pés por andar feito um mártir nesse sol escaldante, tudo isso para entregar um buquê de flores idiota para aquela mulher de voz irritante, com quem tive o desprazer de conviver por nove anos? Era só Josefa se levantar com o cabelo em corte estilo copa de árvore, com seu bafo destruidor - que aliás é oportuno mencionar caro leitor que na potência máxima nem as baratas sobreviveriam- que o dia para mim já começava errado.
Naquele dia de finados, o dia mais importante para as minha confissões, minha grande chance de exprimir meus mais sinceros sentimentos de desprezo por aquela criatura decadente. Avistei de longe o sarcófago que abrigava a múmia e fui me aproximando bem devagarinho, à passos lentos, sem fazer barulho para não acordar os outros defuntos. Começava a vislumbrar a foto de Josefa e em seu epitáfio estava escrito: " Josefa Miranda Sá, tão simples, mas complexa até demais para uma pessoa tão repugnante."
continua...
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